Pais,
educadores, psicólogos e a sociedade em geral se debatem em busca de
explicações para os infindáveis conflitos e dificuldades na educação e no
relacionamento com os filhos. A escola,
em especial a pública, nunca foi tão impotente quanto nas últimas décadas. A evidência
clara de que antes este problema preocupava infinitamente menos que hoje, nos leva a questionar sobre as possíveis causas ou fatores determinantes.
Sabemos que as modernidades
tecnológicas e as mudanças culturais e sociais surgidas após a segunda guerra
mundial, a emancipação feminina a
participação crescente da mulher no mercado de trabalho, a fragilização da
instituição família, a popularização da televisão a partir dos anos de 1960, o advento do
computador, da internet, do celular e
outras modernidades tecnológicas, com
certeza , nas suas respectivas proporções, contribuíram para o atual estado de
degradação das relações familiares, em especial , a relação com os filhos, na
família e, na escola.
Citamos vários problemas que afetam o relacionamento, todos de certa forma atuando sobre os indivíduos de fora pra dentro. Vamos tentar
identificar motivos que atuem na relação de maneira inversa, de dentro pra
fora, isto é, nas relações interpessoais.
O que mudou no mesmo período que possa ter contribuído para o problema e
que tenha explicação, principalmente, na
relação mútua? O que pode explicar a perda de autoridade dos pais e educadores nos
últimos tempos? Porque perdemos a
capacidade de nos impormos sobre nossos filhos durante a primeira infância, criando
assim, condições para que sérios conflitos ocorram nas fases seguintes?
Sabemos que uma criança, antes de um ano de idade, começa entender
quando é reprovada ou aprovada em suas atitudes. Começa entender o que é SIM e
o que é NÃO. Nessa idade a criança é um
ser desprovido de qualquer conhecimento sobre regras, vai perceber e assimilar aquilo que for posto a
sua frente, aquilo que for estimulado, aquilo que for ensinado. Se nessa idade a criança descobrir que o nosso
NÃO pode ser SIM e vice versa, se ela
descobrir que, com insistências de múltiplas formas, pode inverter as nossas
decisões sobre ela, se descobrir que não somos autoridade sobre ela. Se este for o conceito que ela formar e
interiorizar sobre nossa pessoa, adeus relação de superioridade e de autoridade
que todo pai deve ter sobre seus filhos.
A formação destes conceitos tem que
iniciar na mais remota idade possível. Se isto não acontecer, passaremos a ser
visto por ela como seu irmãozinho mais velho ou como seu coleguinha de escola.
Neste contesto, o nosso NÃO terá para ela, o mesmo peso ou valor que o NÃO,
dela. Se isto se estabelecer estará formada a condição necessária para o início
dos conflitos.
Como evitar que isto ocorra? A fórmula para solucionar o problema é
muito simples: A relação com os filhos, nos primeiros anos deve ser pautada por
muito amor, muito afeto, muito carinho e, muita AUTORIDADE! Digo mais a relação
de mando tem que ser unilateral. Só você manda só você diz o que deve ser feito.
Se você acha que deve ou pode fazer a vontade do filho de três anos de idade,
por exemplo, reforce sua condição de autoridade e superioridade dizendo
assim: “ Muito bem! Mamãe ou papai DEIXA você fazer isso ou
aquilo”. Jamais QUEIME o seu NÃO, Jamais
diga NÃO de forma irresponsável ou impensada
para depois deixar a criança fazer como queria, passado por cima do seu NÃO
como se ele não tivesse nenhuma importância. É preferível deixar certas
situações não muito satisfatórias acontecerem do que dizer sucessivos NÃOS para
tudo acabar como a criança quer, como se você tivesse dito SIM. A repetição desta prática destrói,
irremediavelmente, sua condição de ser
superior e autoridade, e o rebaixa à condição de seu “coleguinha de escola”, à
condição de seu “ Priminho da mesma idade”.
A relação entre pais e filhos nos primeiros 10 anos de idade, JAMAIS,
pode ser DEMOCRÁTICA. (Esta é a REGRA). Nunca barganhe sua autoridade, sua
experiência de vida, de adulto, de pessoa informada, enfim, de GESTOR ABSOLUTO
da relação, com as de uma criança de dois,
de cinco, de oito ou de dez anos de idade. JAMAIS
passe por cima das possibilidades e conveniências; JAMAIS
passe por cima das possibilidades
financeiras; JAMAIS passe por cima da disponibilidade de tempo; JAMAIS passe por cima do bom senso e da ética para satisfazer a vontade,
muitas vezes, insensata e equivocada de
uma criança.
Você deve saber o QUE, COMO, QUANDO
e PORQUE as coisas devem acontecer ou não acontecer. Você tem que ser o filtro das vontades dos filhos. Explique muito, comunique sempre, sempre com carinho, com amor, com tom de voz agradável e sereno, porém
firme, o porque as coisas são como você
diz e, não podem ser como ele quer.
Por exemplo: se você sabe que
está no último momento para retornar de um parque de diversão, jamais diga: “Filho você quer ir embora?” Ou “filho chega de brincar?” Se estas
perguntas forem feitas você estará dando a ele a opção e o direito de responder
com um Sonoro NÃO. Alem de dar-lhe a
oportunidade de perceber que pode continuar brincando, já que ele foi consultado.
Mais do que isso, você o induziu a pensar, erradamente, que tem o direito de
decidir e permanecer por mais tempo. Veja que a, inconveniente, DEMOCRACIA
levou a uma situação difícil: se você ceder ele vai pensar que poderá decidir
outras vezes. Se você não ceder o
conflito se estabelece. Com certeza a
repetição de atitudes semelhantes, em especial, na primeira infância
estabelecerá o caos no relacionamento, futuramente. Mais coerente seria apanhá-lo pelo braço e
conduzi-lo, naturalmente, com autoridade e determinação para a saída, preocupando-se
apenas em administrar possíveis resistências, com explicações e argumentações. Veja que a prática da DEMOCRACIA em uma
infinidade de situações e circunstâncias semelhantes, na primeira infância,
será bastante prejudicial, em especial na adolescência e na juventude.
Aos que pensam que esse tipo de relação poderá levar a formação de pessoas
sem iniciativa, dependentes ou traumatizadas, digo, ESTÃO ENGANADOS. A capacidade de decidir é um aprendizado
importantíssimo. Entretanto, NÃO PODE ocorrer antes da assimilação do conceito
de superioridade, sobre os pais e professores, que os filhos devem formar. Na educação dos filhos, não digo que a
percepção dos freios é mais importante que a percepção do acelerador, digo
apenas que, deve ocorrer primeiro. A questão é de ordem e não de importância. Não
se pode construir uma relação de respeito e obediência aos pais e aos
educadores, na adolescência e na juventude, se não construirmos, na primeira
infância, os pressupostos cognitivos e psicológicos para isso. Lembrando que esta
sugestão destina-se, em especial, às crianças sadias, sem distúrbios de quaisquer
naturezas.
Antonio Ferreira Rosa