A
humanidade, em todos os tempos e em todas as sociedades, convive com o problema
da delinquência, e atribui a responsabilidade à natureza “maligna” da pessoa
criminosa. Sabemos, porém, de longa data, da influência do meio social na
formação dos seus indivíduos; que as falhas na educação são uma realidade, nas
relações familiares e escolares; e, são determinantes para a má formação do
caráter e da personalidade, atributos necessários à prática da delinquência.
Esta questão, a meu ver, é mais complexa do que aparenta ser.
Penso
como Aristóteles, o indivíduo nasce como uma “tábua branca”, sem nenhuma
informação em sua mente, exceto as biológicas, obviamente. Lembrando que o nascimento a que refiro ocorre no início da formação do sistema nervoso central, diferindo do nascimento referido por Aristóteles. . Quem passa as
primeiras impressões, (alicerces de todos os conceitos que formarão a base psicológica
cognitiva e afetiva do indivíduo, somos nós, a geração adulta); aí pode estar o
segredo da educação para a convivência do individuo com a
sociedade. E, a explicação para as deformações do caráter e da personalidade
que impressionarão, de forma consciente e ou inconsciente, o conjunto dos
comportamentos futuros.
Assim,
penso que são grandes os conflitos de auto ajustamento da criança na primeira
infância e na adolescência, na tentativa de interpretação da realidade,
agravados pela ausência de padrões positivos, definidos e específicos para cada
fase do desenvolvimento infantil, o que chamo de falta de “pedagogia específica” e
“conteúdos adequados”; e, favorecidos pelos padrões negativos, amplamente
oferecidos em tempo integral, sem nenhum respeito à pedagogia, aos conteúdos e
à cronologia do desenvolvimento infantil (gestação turbulenta, insalubre, violenta, a televisão, convivência com adultos
despreparados, e o caos da sociedade, por exemplos).
Penso
que essa realidade pode levar a grandes dificuldades para a formação do que
chamo de “software psicológico” coerente e necessário ao processamento das
primeiras informações recebidas por um "cérebro virgem", para o
processamento e a formação dos conceitos básicos orientadores das atitudes e
dos padrões comportamentais esperados no futuro; penso também que esta
realidade pode causar e ou desencadear o que chamo de, “lesões de hardware”
(distúrbios neurológicos); uma vez que estabelecidos os danos ao
desenvolvimento infantil pela formação de uma base conceitual equivocada,
comportamentos doentios que vou chamar de “Síndrome da delinquência compulsiva”, e outros posteriores, já conhecidos da ciência como o autismo, a
síndrome de asperger e a esquizofrenia, psicopatia, por exemplos, podem ter suas origens
explicadas nesta fase do desenvolvimento.
Lembremos
que o cérebro é um computador dos mais sofisticados, porém, como qualquer
máquina computadorizada, se receber informações insuficientes e ou equivocadas,
processará resultados indesejados; esta analogia não será imprópria e
irresponsável, se considerarmos que a criança, em remota idade, é apenas um
receptor sem nenhuma capacidade de rejeição ou juízo; apenas receberá a
informação e a processará; seja boa ou má, certa ou errada. De qualquer forma
as primeiras informações recebidas por um “cérebro virgem”, constituirão,
inicialmente, o "software psicológico" responsável pelo processamento
e a formação da base cognitiva e afetiva da criança para o resto da vida; e, se
forem negativos os resultados deste processo, causarão grandes dificuldades de
ajustamento social no futuro: “A primeira impressão é a
que fica”.
Tenho
uma espécie de convicção que a inexistência de uma “pedagogia específica” à
educação na primeira infância, bem como a indefinição de “conteúdos adequados”
e "cronologicamente ordenados" à cada etapa do desenvolvimento
infantil para orientar o relacionamento das gerações adultas, em especial os
pais e a escola, desde a gestação até a adolescência, é a principal responsável
pelos distúrbios de comportamentos e pela má formação do caráter e da
personalidade; realidades, suficientemente, necessária à prática delituosa. Acredito, porém, que estas patologias podem
ser provocadas, também, por distúrbios congênitos, como a má formação
neurológica de múltiplas origens...
Penso
que a sujeição prolongada, desde a mais remota existência, à educação
inadequada a que é submetida grande parte das crianças, leva alguns indivíduos,
obviamente os mais suscetibilizados pela maior incidência de circunstâncias e
eventos negativos (má formação do "software psicológico cognitivo"), a
desenvolver a “síndrome da delinquência compulsiva” e os outros distúrbios
comportamentais futuros, já conhecidos e citados aqui.
Se não,
como explicar que um ser humano, possa sofrer a punição de anos numa cadeia
perigosa sob todos os aspectos e nas condições subumanas que oferece o sistema
penitenciário, obter a liberdade depois de cumprir a pena; após alguns dias,
cometer os mesmos delitos novamente; voltar a para a mesma cadeia, cumprir nova
pena; sair e repetir tudo de novo, numa espécie de círculo vicioso,
absolutamente estúpido. Isto é irracional e incompreensível ao ser humano
sadio; merece ser visto pela ciência como algo sério a ser explicado, como algo
constitutivo das patologias dos distúrbios comportamentais (psicológicos e ou
neurológicos).
Não é
concebível que um indivíduo atente repetidamente contra sua própria liberdade
e sua integridade física, se não por distúrbios de percepção da realidade, uma
vez que as consequências são penosas. As reações do sistema repressor são
violentas e amplamente conhecidas do mundo do crime. Como entender que alguém
passe grande parte da vida prejudicando seus semelhantes e a si próprio?
Permanecer em suscetibilidade contínua à ação do sistema repressivo é
comparável à dependência e a sujeição aos vícios como o alcoolismo e as drogas.
Penso que, por ai, deveria começar a investigação da ciência, uma vez que a
raiz destes problemas pode ser comum.
Para mim, a “delinquência compulsiva” é
um distúrbio grave de percepção da realidade, cuja origem pode ser em sinapses neurais inadequadas o que chamei de lesões de Hardware, o que provoca a formação de uma base conceitual, (software psicológico) equivocado, que por sua vez vão provocar distúrbios de comportamentos como esquizofrenia, psicopatia, autismo, Síndrome de asperger, os transtornos de todos os tipos inclusive as delinquências, Para mim todas são “doenças” provocadas pela imperícia da família no relacionamento e na educação do inicio da formação do sistema nervoso central à adolescência, e, da escola, família e sociedade, no processo educativo posterior. (falta de pedagogia e psicologia científicas)
Penso que a educação na primeira infância, em especial
nos três primeiros anos de vida, exige um procedimento pedagógico cientificamente
elaborado. Obviamente a ciência, ainda, não produziu a “pedagogia específica” e
os “conteúdos adequados” que preconizo, entretanto, com certeza, o fará no
futuro.